Os diversos tipos de violões que fizeram história
Mais uma matétira do site Maestro NU, que trás hoje tudo sobre violão, dicas e características sobre os diversos tipos e marcas de violão que fizeram história no mundo da música. Mais um post pra você que pensa em ingressar nesse mundo, mas que anda precisando de algumas dicas...Confiram!
Violão - Os modelos que fizeram história
Instrumentos similares ao violão são populares há mais de 5.000 anos. Esses "protótipos" já apareciam em antigas esculturas, na ex-capital iraniana Susa. Acredita-se que a família Vinaccia tenha construído os primeiros modelos de seis cordas, pois o registro mais antigo de um instrumento com esses moldes data de 1779, no nome de Gaetano Vinaccia.
O responsável pela modernização das dimensões do violão como nós conhecemos foi um espanhol chamado Antonio de Torres, que trabalhava na cidade de Sevilha, em 1850. Ele foi o pioneiro a mostrar que a sonoridade de um violão deve-se em grande parte ao tampo, mais especificamente, à forma como é construído. Em seu célebre experimento, um violão em que todas as partes do instrumento eram compostas de papel maché, exceto o tampo, construído em abeto, demonstrou que os esforços de pesquisa deveriam, naquele momento, se concentrar ali. Assim, abriu campo para inúmeros estudos acerca da estrutura harmônica do tampo que resultaram em características sonoras diversas.
Esse novo estilo de fazer violão (mais largo, robusto e cheio) influenciou uma grande quantidade de construtores decendentes de europeus. Orville Gibson nasceu em Nova Iorque, filho de ingleses. A Epiphone foi fundada pelo grego Anastasios Stathopaulo, mas o primeiro e mais influente de todos os construtores europeus foi o alemão C.F. Martin, que chegou em Nova Iorque, no ano de 1833. Graças às enormes inovações que Martin criou, seus violões foram (e ainda são) os mais copiados de toda a história.
Por causa disso, nosso artigo começa falando sobre os tão famosos violões Martin.
Pelos últimos 175 anos, a Martin Guitar Company vem produzindo violões dos sonhos de qualquer violonista. Esses são o popularmente conhecidos como top de linha.
MARTIN 1902 00-45S
Um dos primeiros Martin de 12 trastes. Recentemente foram feitas umas reedições exclusivas para colecionadores.
Esse pequeno violão tem o tampo de abeto vermelho (Adirondack spruce) e jacarandá brasileiro no restante do corpo (laterais e trás). O headstock também é feito de jacarandá brasileiro, com uma estampa cravada de pérolas de Abalone. Essas mesmas pedras são cravadas nas laterais do violão, por toda a extensão do corpo, incluindo a "Árvore da Vida" cravejada no braço. Esse, por sua vez, é feito de ébano sólido, com a escala de 63,2cm.
MARTIN 00-18
Criado em 1898, o 00-18 tem sua escala é toda feita de ébano maciço, jacarandá na parte de trás e nos lados e uma ponte retangular. A partir de 1902, pequenos marcadores brancos passaram a ser colocados nas casas 5, 7 e 9 do violão. Em 1917, nova mudança: foram introduzidos os primeiros modelos feitos de mogno atrás e nos lados.
Seu atual modelo é o Martin 00-18V, que inclui as seguintes especificações: topo de Picea sitchensis (sitka spruce), mogno atrás e nas laterais, escala de ébano e tarrachas Gotoh com sistema "butterbean".
O Martin Eric Clapton's signature é baseado nesse modelo.
MARTIN 000-28
Na virada do século XX, Martin estava fazendo experimentos com corpos maiores para aumentar o som e a projeção de seus violões. Nesse tempo, os maiores corpos tinham 35,9cm. Em 1902, a companhia introduziu no mercado violões com o corpo de 38,1cm, feitos para competirem com bandolins e banjos. Por causa dessa diferença, eles demoraram um pouco para começarem a vender, fazendo realmente sucesso só na década de 20.
De acordo com o catálogo da Martin, esses modelos têm o topo feito de Picea sitchensis (sitka spruce), jacarandá indiano atrás, nos lados e no headstock e escala feita em ébano.
MARTIN OM-28
O "Orchestra Model" surgiu no mercado em 1929, a pedidos de Perry Bechtel, que era um tocador de banjo muito virtuoso da época. Ele pediu para Martin criar um violão com o qual ele pudesse adaptar facilmente seu estilo de tocar. Martin então pegou o tamanho dos modelos 000 como base e deixou o corpo mais retangular, adicionando o sistema do 14º traste, ao invés do anterior, de 12 (14 trastes fora do corpo).
Esse modelo recebeu o nome de OM-28 e foi o primeiro feito por Martin especificamente para cordas de aço. Esse foi o início dos modelos modernos de flat-top guitar e tornou-se tão popular que foi copiado por vários outros luthiers, virando padrão de formato para a indústria de violões da época.
O Martin John Mayer's signature é baseado nesse modelo.
MARTIN D-18
Provavelmente, esse é o modelo mais famoso e copiado de todos os violões Martin.
A série Dreadnought (popularmente conhecida como folk) recebeu esse nome depois das intensas batalhas navais britânicas durante a Primeira Grande Guerra. O D-1 (mogno) e D-2 (jacarandá) foram originalmente feitos pela Ditson Company, de Boston, em 1916, que os vendia sobre sua própria marca, exclusivamente em suas lojas. Quando a Ditson saiu do mercado, no final da década de 20, a Martin Co. re-desenhou e melhorou esses modelos e então, em 1934, começaram a serem produzidos os primeiros Dreadnoughts com a marca Martin. O antigo D-1 virou o D-18 e o antigo D-2 transformou-se no D-28. Esses dois modelos logo passaram a ser os favoritos entre os músicos norte-americanos que tocaram Country e Blues, pois esses procuravam um som mais sólido para competir com os solistas de banjo.
Esse modelo ficou muito famoso com Elvis Presley.
Sua estrutura é feita de abeto no tampo, mogno nas laterais e atrás e jacarandá na escala.
MARTIN D-28
Assim como seu irmão D-18, o D-28 é um dos modelos mais famosos dentre todos os violões Martin. Ésse é uma versão melhorada do anterior.
Seu topo também é feito de abeto, só que o corpo é todo de jacarandá, com algumas decorações extras que o D-18 não tem. Desde a sua primeira fabricação, esse violão passou a ser o carro-chefe da linha Martin.
MARTIN D-45
O primeiro D-45 foi idealizado em 1933 pelo cowboy star da época Gene Austry, que queria um instrumento totalmente customizado, com pérolas de abalone em excelente estado, todas cravejadas ao longo da escala, escrevendo seu nome.
Então, o Martin D-45 foi produzido entre 1938 e 1942, quando acabou sendo descontinuado até 1968. A partir daí, nunca mais parou de ser fabricado. É o modelo mais desejado dentre todos os flat-top.
Os Dreadnoughts passaram a ser referência para os violões flat-top da época e atualmente, correspondem a 80% da produção anual da Martin.
GIBSON L-1
O Gibson L-1 foi feito pela primeira vez em 1902 com o tampo levemente arqueado (archtop). Seu tampo e braço são maciços, com a escala feita em ébano. Suas laterais e trás são de mogno.
Em 1926, Gibson descontinuou os tambos arqueados e re-introduziu os L-1 com o tampo reto, vendendo-o em torno de 50 dólares. As primeiras versões eram feitas de bordo atrás e nas laterais, com a escala de 63,5cm, três anéis em volta do buraco acústico e uma coloração em tons de marrom.
A partir de 1927, os L-1 passaram a ser feitos de mogno, com um único anel em volta do buraco acústico e uma pintura sunburst.
Esse modelo ficou muito popular graças ao grande bluesman Robert Johnson.
GIBSON SJ-200
Com a experiência em construir violões archtop, era questão de tempo para Gibson alcançar o nível dos violões flat-top da Martin.
O "Super Jumbo" surgiu com a colaboração de um dos primeiros cantores cowboys de Hollywood, Ray Whitley, que sugeriu inúmeras idéias para aumentar a resposta dos graves desse modelo.
O SJ-200 apareceu nas lojas em 1938 e recebeu seu nome, assim como outros Gibsons, depois da sua precificação: 200 dólares.
Seus primeiro modelos tinham as costas e laterais de jacarandá, mas essa madeira foi substituída pelo bordo depois da Segunda Grande Guerra. O braço também é de bordo, com a escala em ébano e marcações peroladas.
De acordo com o próprio Gibson, o SJ-200, devido ao seu tamanho, acabamento e sonoridade, é o "Rei dos violões flat-top".
GIBSON COUNTRY WESTERN
Introduzido em 1956 como uma versão natural do Gibson Southern Jumbo, esse modelo vinha como um tampo de abeto, com as costas e laterais feitas de mogno e a escala de jacarandá, com seus diferenciais marcadores de dois paralelogramos nas casas 1, 3, 5, 7, 9, 12, 15 e 17.
De 1956 até 1962, o Country Western tinha os "ombros" arredondados, mas em meados de 62, eles ficaram retangulares (como mostra a foto) e seu escudo passou a ter três pontas, sendo renomeado para Gibson SJN Country Western. Essa especificação permaneceu basicamente inalterada desde que foi descontinuado em 1978.
GIBSON HUMMINGBIRD
O modelo Hummingbird foi o primeiro Dreadnoughts com os "ombros" retangulares. Apesar do preço bem alto quando lançado, fez um sucesso imediato, graças a tocabilidade e sua riqueza de sons.
Suas costas e laterais são feitas de mogno, tarrachas douradas, marcadores de braços com dois paralelogramos, um sofisticado desenho de beija-flor no escudo e sua coloração era em tons de cereja.
De 1960 para cá, não fizeram mudanças significativas no modelo.
GIBSON DOVE
Em 1962, a Gibson lançou o Dove como o violão número 2, logo abaixo do SJ-200, com um som muito parecido ao do Hummingbird.
Seu tampo é feito de abeto, suas costas e laterais são de bordo, um braço de três pedaços de de bordo, uma escala de 20 trastes feita de jacarandá ou ébano e um escudo totalmente costumizado, tendo um dove desenhado no mesmo.
Esses violões eram vendidos nas cores cereja e sunburst.
Tornou-se extremamente popular depois que Elvis Presley usou um desses em sua turnê entre 1976-77.
GIBSON J-45
Um verdadeiro "burro-de-carga" e, provavelmente, o mais popular dentre todos os violões Gibson, o J-45 entrou no lugar do J-35 em 1942. Ele tinha um tampo de abeto, costas e laterias de mogno, uma escala de 19 trastes e um banner no headstock que dizia "Only a Gibson is good enough" (Só um Gibson é bom o bastante).
O J-45 se tornou um sucesso gigantesco graças ao seu som encorpado, macio, belíssimos tons graves, a qualidade Gibson e o fato de não ter muito caro.
Em 1946, o banner foi tirado do headstock e na década de 50, sua escala passou a ter 20 trastes.
Em 69, o J-45 passou a ser feito com "ombros" retangulares e com escudo escuro, em formato de gota, mas foi descontinuado em 82.
No ano de 1984, ele foi re-lançado nos moldes do modelo original, com "ombros" redondos, escudo tortoiseshell (casco de tartaruga) e escala de jacarandá.
EPIPHONE TEXAN
Depois que a Gibson comprou a Epiphone, em 1957, passou a produzir todos os violões Epiphones até o final da década de 60. Ela introduziu os flat-tops em 1958.
O Texan (modelo FT-79) tinha um "ombro" arredondado, costas e laterais de mogno, marcações de retângulos inclinados no braço, a letra E cravada no início do headstock e nas tarrachas de plástico.
Em 1962, uma ponte ajustável foi adicionada ao modelo e em 69, as tarrachas de plástico foram trocadas por de metais e os "ombros" passaram a ser retangulares. Essas foram as últimas mudanças que o Texan sofreu até ser descontinuado em 1970.
Paul McCartney adquiriu um Epiphone Texan em 1964, que, de acordo com os pesquisadores, custava 175 dólares na época. Esse violão, por sua vez, por ser ouvido em várias músicas dos Beatles. Inclusive, McCartney compôs e gravou o álbum "Yesterday" inteiro com o Texan.
GUILD F50
Os violões Guild eram cogitados como uma alternativa de qualidade para quem não podia compar um Gibson-Epiphone na época.
Alfred Dronge, um guitarrista profissional e dono de uma loja de instrumentos, junto com George Mann, um executivo da Epiphone, registrou o nome Guild em outubro de 1952.
Lançado em 1954, o F50 era o top de linha dos violões flat-top Guild e foi popularizado por excepcionais guitarristas como Eric Clapton, que aparecia na capa do catálogo da Guild, Buddy Holly and Bonnie Roitt.
De 27 de maio até 8 de setembro de 1976, Elvis Presley usou em seus shows un F50 sunburst. Inclusive, esse violão pode se encontrar na sala de troféus dentro da Graceland.
O Guild F50 tinha um corpo com a espessura de 43,2cm, com o topo de abeto, costas e laterais de bordo, um braço de três pedaços de mogno/bordo/mogno, com a escala feita de ébano e trastes Grover Rotomatic.
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